segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Dimensão satírica - Farsa de Inês Pereira

Texto expositivo-informativo - 120-150 palavras
Redução de texto

Proposta de textualização 1
A Farsa de Inês Pereira de Gil Vicente segue a máxima latina Ridendo Castigat Mores, conferindo, desta forma, dimensão satírica à sua peça.
A sátira utilizada cumpre o objetivo pedagógico de modificar aquilo que estava mal, recorrendo aos tipos de cómico, às personagens-tipo, à ironia, ao sarcasmo e à crítica mordaz e acutilante.
O mundo às avessas e a crise de valores (hipocrisia, tirania, adultério, devassidão do clero, culto da aparência) aliados ao cómico, ao riso e ao caricatural, recaem principalmente sobre as personagens de Inês Pereira, Pêro Marques e Brás da Mata. Desta forma, a revolta de Inês e o desejo de libertação que a levam a um casamento oposto ao almejado e posterior segundo casamento constituem cómicos de situação que ridicularizam esta rapariga casadoura. Também o Escudeiro é alvo de crítica por simbolizar o escudeiro pelintra, fanfarrão, pretensioso que vive das aparências e que revela a sua cobardia na hora da morte. Porém, a personagem mais caricatural é Pêro Marques, lavrador ingénuo e inocente, que caminha desajeitadamente em busca da casa de Inês, revela incapacidade de falar e de seduzir e leva presentes inadequados para a sua pretendente. Este cómico de caráter atinge o auge no momento em que expõe a sua rusticidade de campónio que desconhece a função da cadeira e ao levar a mulher às costas, com docilidade e ingenuidade, para se encontrar com um amante.
Em suma, esta Farsa vicentina propõe-se a criticar a sociedade do século XVI através da sátira e da comicidade.
250 palavras

Representação do quotidiano - Farsa de Inês Pereira

Texto expositivo-informativo entre 120-150 palavras
Redução de texto

Proposta de textualização 1 - completa
A Farsa de Inês Pereira de Gil Vicente espelha o quotidiano da sociedade do século XVI.
No início da peça, existem duas referências fundamentais para perceber o universo feminino de então: era prática ir à missa (principalmente as mães) e a ocupação das raparigas solteiras era as tarefas domésticas como bordar e coser. Estas sofriam de falta de liberdade, estando confinadas à casa da mãe e a viver sob o jugo desta, por isso, viam no casamento um meio de sobrevivência e de fuga à submissão da mãe, existindo diferentes conceções de vida e de casamento entre mães e filhas, o que levava a diferenças intergeracionais, já que para as mães o casamento era sinónimo de segurança.
Relativamente a este assunto, era habitual o recurso a casamenteiros (como são Lianor Vaz e os Judeus) que recebiam uma recompensa caso o evento ocorresse. Segundo a tradição, após a cerimónia do casamento deitavam-se grãos de trigo por cima dos nubentes e havia banquete. Ao contrário daquilo que as raparigas pensavam, a mulher casada vivia em submissão ao marido, o que , muitas vezes, levava ao adultério de parte a parte.
Também o modo de vida popular (protagonizado por Pêro Marques) e o modo de vida cortês (representado por Brás da Mata) entram em confronto na peça, sendo exploradas a inércia da nova burguesia que nada fazia para adquirir mais cultura, a decadência da nobreza que procurava enriquecer através do casamento e buscava o prestígio perdido na luta contra os mouros e a simplicidade dos lavradores que nem sabiam a funcionalidade de uma cadeira.
Por fim, Mestre Gil não esquece a devassidão do clero e a corrupção moral das mulheres que se deixavam seduzir por elementos do mesmo, sendo disso exemplo o episódio relatado por Lianor Vaz e o encontro amoroso que Inês irá ter com o Ermitão.
Em suma, esta Farsa vicentina ilustra a sociedade do século XVI nas valências familiares, sociais e religiosas.
322 palavras

Relação entre as personagens - Farsa de Inês Pereira

Texto expositivo-informativo e redução de texto

1ª Proposta de textualização:
A Farsa de Inês Pereira é uma peça de Gil Vicente pródiga em diferentes relações entre as personagens, demonstrando, através delas o quotidiano da época de seiscentos.
Inês estabelece quatro relações distintas ao longo da obra. Com a Mãe, a sua relação é marcada pela hierarquia e autoritarismo desta última, fazendo a protagonista sentir-se como “cativa” de sua casa. Não muito diferente é a sua relação com o Escudeiro, caracterizada pela prepotência, violência e subserviência marital. Já com Pêro Marques, existe uma desigualdade emocional, pois ele ama-a, todavia ela desrespeita-o, sendo-lhe infiel com o Ermitão com quem estabelece uma relação amorosa. A Mãe e Lianor são aliadas, revelando cumplicidade aquando da tentativa de casar Inês com o primeiro pretendente, personagem com quem Lianor mantém uma relação de interesse, porque se conseguir casá-lo com Inês receberá uma recompensa monetária. O mesmo se passa entre os Judeus casamenteiros e Brás da Mata. Finalmente, o Moço e o Escudeiro protagonizam uma relação de autoritarismo do Escudeiro relativamente ao Moço e de crítica e lealdade do Moço em relação ao seu amo, já que este último denuncia a situação precária em que o primeiro vive.
Concluindo, as relações entre as personagens espelham a vida epocal do autor.
203 palavras

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Estado de espírito de Inês Pereira no monólogo inicial

Ao longo do monólogo inicial da peça Farsa de Inês Pereira de Gil Vicente, a protagonista revela-se, sobretudo, revoltada com a vida que leva.
"Renego deste lavrar" é a primeira afirmação da personagem, mostrando, desde logo, o cansaço, a frustração e a irritação que sente face ao trabalho que lhe é exigido pela mãe. Inês considera-se injustiçada pelo facto de estar "encerrada nesta casa" enquanto "todas folgam e [ela] não", demonstrando, talvez, um pouco de inveja da vida alheia. 
A angústia e desespero, provenientes da falta de liberdade, fazem-na sentir-se aprisionada mesmo por que só raramente tem "licença" para estar "à janela", sendo este o seu único contacto com o exterior. Em resultado deste estado de espírito, Inês determina que há de "buscar maneira d'algum outro aviamento", mostrando a sua vontade de mudar de vida. 
Em suma, as adversidades vividas pela personagem originam uma revolta interior que leva à ambição de casar.          
10º1A (2015-2016)