Ao longo do monólogo inicial da peça Farsa de
Inês Pereira de Gil Vicente, a protagonista revela-se, sobretudo, revoltada
com a vida que leva.
"Renego deste lavrar" é a primeira
afirmação da personagem, mostrando, desde logo, o cansaço, a frustração e a irritação
que sente face ao trabalho que lhe é exigido pela mãe. Inês considera-se
injustiçada pelo facto de estar "encerrada nesta casa" enquanto
"todas folgam e [ela] não", demonstrando, talvez, um pouco de inveja
da vida alheia.
A angústia e desespero, provenientes da falta de
liberdade, fazem-na sentir-se aprisionada mesmo por que só raramente tem
"licença" para estar "à janela", sendo este o seu único
contacto com o exterior. Em resultado deste estado de espírito, Inês determina
que há de "buscar maneira d'algum outro aviamento", mostrando a sua
vontade de mudar de vida.
Em suma, as adversidades vividas pela personagem
originam uma revolta interior que leva à ambição de casar.
10º1A (2015-2016)